O Lamento de Jimmy Olsen
Quem me conhece sabe que sou um adepto fanático de banda desenhada e Super-heróis. Cresci a ler as mais recentes edições do Batman e do Superman e, quando se chegava o fim de semana, o meu pai já sabia que tinha de me levar ao clube de vídeo para eu poder alugar duas ou três cassetes vhs do Spiderman e do He-man. Cheguei até a criar uma paixoneta pela Mary Jane Watson, mas que esqueci rapidamente, por achar que estava a trair o Peter Parker. Com o passar do tempo, familiarizei-me com os universos da Marvel e da Dc Comics, decorando os Super-heróis respetivos. Mais tarde, descobri o cinema e, desde aí, nunca mais perdi um filme de Super-heróis. Primeiro na companhia do meu pai, mais tarde com os meus amigos e depois com a namorada. Agora, como a esposa não gosta de violência, tive de voltar aos amigos. Tudo isto para dizer que nunca mais me consegui livrar da doença e ainda hoje tenho acesas discussões com os meus companheiros sobre quem é o mais forte dos heróis.
Tudo o que disser respeito a este universo interessa-me principalmente pelo elevado poder significativo, criativo e metafórico que estas estórias encerram. Um dia destes, dei de caras com uma música portuguesa que curiosamente remetia para este mundo e de uma maneira extremamente original. Pelo que me apercebi, é uma música não muito conhecida e posso até confessar que instrumentalmente falando não é das que mais me atrai, no entanto tem por base uma ideia bastante original. Jimmy Olsen é o fotógrafo do Daily Planet, o jornal onde Clark Kent trabalha e é um dos seus melhores amigos. É também o seu principal confidente e admira-o bastante. No entanto, contrariamente ao seu amigo, Jimmy Olsen não possui nenhum superpoder. É um mero humano. Ora é especificamente essa dimensão que a música de João Só explora, O lamento de Jimmy Olsen que se compara constantemente a Clark Kent. Ele só tem uma supercapacidade, a de amar, mas simultaneamente é super-tímido e não consegue articular esse amor.
Tenho um "S" no peito
Por ser tão sentimental
Mas também tenho uma capa
Que uso para disfarçar.
O amor que eu não consigo articular
Gosto destas intertextualidades e destes diálogos que se estabelecem entre as artes, e, no fundo, todos nós nos conseguimos rever, nem que sejá só em parte, nos lamentos de Jimmy Olsen.