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Trinta por uma linha

Trinta por uma linha

O Elogio da Loucura

02.03.17 | António Mota

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"A chicken is just the egg's way of making another egg."

Por vezes, olho para a nossa sociedade como uma massa disforme com vida própria que anda e consome, que anda e nos consome. Podem acusar-me de ser pessimista, de não ser moralmente emendado. Talvez tenham razão, mas não consigo sorrir quando não me sinto alegre, não consigo ficar quedo e calmo quando vejo que as pessoas se comprazem nesta pocilga de pseudo-valores e ideais em que se tornou a nossa sociedade. Vivem a mentira da sua alegria, vivem a verdade do seu sofrimento. De olhos vendados pelas suas próprias mãos, vivem enganados pela sociedade do mérito e da excelência que alguém instituiu mas que nunca seguiu.
 

Talvez não seja correcto defender estas posições de descrédito, mas há dias em que não consigo perceber como se é tão levianamente enganado, como se consegue viver na ilusão de que se deve ser bom profissional , excelente naquilo que se faz porque é bom para si próprio, ou para o seu ego, seja lá o que isso for. Eu, que dispenso a maioria das opiniões alheias, pois sei que não são dignas de serem ouvidas, eu que detesto tudo o que estiver relacionado com juízos unanimemente aceites, eu que faço questão de vincar a minha diferença, pois só assim me atingirei e serei atingido, limito-me a fazer este elogio da humildade, da simplicidade, enfim, este elogio da sensatez, que aos olhos dos outros não passa de um elogio da loucura.
 
 
Não há necessidade de vivermos a nossa vida por algo que não vale a pena. Temos que nos colocar em primeiro lugar e valorizar apenas o que tem valor para ser valorizado. Um passeio com o silêncio das nossas vozes, uma música que nos fala e nos quer, um poema que nos percebe, uma solidão que nos seduz pela sua companhia. Estas devem ser as nossas prioridades, os nossos intentos. Teremos que ter uma profissão e um papel a desempenhar na sociedade, não nego isso. Apenas afirmo que este deve ser apenas um dos nossos viveres e não o único, total e absoluto.Com isto, não seremos self-made men nem meritocratas, seremos somente nós. E que grande conquista seria, conserguirmos viver sendo unicamente nós.
 

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