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Trinta por uma linha

Trinta por uma linha

Jeremias, o fora-da-lei

26.01.17 | António Mota

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Há músicas que conquistam a nossa empatia pela mensagem que transmitem, outras conquistam-nos pela beleza do seu instrumental, há ainda aquelas com as quais nos identificamos por falarem de determinado estado de espírito ou ponto de vista que partilhamos. No entanto, existem outras músicas, com que simpatizamos, não por nenhum dos motivos nomeados atrás, mas porque gostamos, sem saber bem porquê, dos personagens por elas trazidos e pela simbiose que eles criam com o instrumental que lhes serve de base.

No mundo da ficçção, sempre nutri uma especial empatia por aqueles criminosos e larápios que nos eram apresentados de uma forma quase poética pelos seus criadores. Como se a forma quase lírica com que eles nos eram apresentados nos fizesse gostar deles, mesmo que não aprovássemos o que eles faziam. Jeremias, o fora- da-lei de Jorge Palma, é um desses personagens. O produtor de bombas caseiras que as considerava eloquentes e que, ao contrário da maioria dos criminosos, não se sentia vítima da sociedade. Aquele que se vestia de negro, que gostava do quente da aguardente e da forma como os homens se engasgavam quando pronunciavam o seu nome. Jeremias ganha a nossa simpatia no imediato. Não pelo que representa, mas, uma vez mais, pela forma original como foi criado e pela criatividade com que nos foi apresentado. Eu gosto destes foras da lei, aqueles que só existem nos filmes e nas músicas.

 

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