Entrevista com Os Azeitonas
Contem-nos como tudo começou? Como se conheceram, como surgiu a ideia de formar banda?
AZ - Da nossa parte, foi a convite do Miguel Araújo (“A.J.” n’Os Azeitonas), que tinha vindo de Ibiza. Numa noite improvável, tiveram a ideia de fazer a “primeira boysband de garagem - Os Azeitonas”, virada para o cliché, sem pudor de fazer Pop que balançasse na ténue linha entre o que é piroso ou não. Embora a partir do segundo disco a temática esteja diluída, mantemos até hoje alguma dessa toada.
Quando iniciaram sentiram que o sucesso foi imediato, ou teve de existir uma certa dose de insistência para começarem a ver resultados?
AZ - Quando começámos, a regra era fazê-lo enquanto fosse divertido (e possível, claro!). E ainda hoje discutimos sobre o que é “sucesso”. Mas, falando em sucesso comercial, nem sonhar: era uma brincadeira de amigos para amigos. Cada música, cada concerto era um sucesso – este pessoal. Quando o Rui Veloso nos falou para gravarmos um cd a brincadeira ganhou contornos sérios. Não estávamos à espera! Depois apareceram mais músicas, outros objectivos, e canção a canção, álbum a álbum, concerto a concerto, fomos trabalhando no que ia aparecendo. Mas éramos um pequeno fenómeno de culto. Depois veio o Bruno Vieira nos ídolos e a coisa estourou.
Quando é que se aperceberam que tinham conseguido transformar Os Azeitonas num verdadeiro projeto de sucesso?
AZ - Só quando o Bruno Vieira foi cantar os Aviões aos Ídolos (e o júri desfez-se em elogios) é que o fenómeno se tornou viral. A nível nacional, o nome “Os Azeitonas” passou a ser conhecido.
Relativamente à criação e escrita das letras das vossas músicas, como é que esta se processa? Existe algum tipo de ritual que seguem, têm um momento definido para essa tarefa, ou é algo que surge de forma espontânea?
AZ - A maioria das letras era escrita pelo A.J., que tem uma capacidade fora do normal em compor – tanto letra como música – quer no que toca a qualidade como quantidade. Mas regra propriamente dita não existe, sabemos, nem com ele, nem connosco, nem quando feita em parceria. Já participámos em vários cenários: primeiro letra, depois música e vice-versa; duas ou mais músicas que juntámos numa só e depois fizemos letra; letras que migraram de uma canção para outra, casos (mais raros) em que tudo vem de uma só vez... há de tudo.
Ao longo dos anos, consideram que existiu alguma alteração ou evolução nas temáticas das vossas letras, ou continuam a trabalhar os temas que sempre trabalharam?
AZ - É um bocado como a vida: gostamos de acreditar que crescemos, mas tentamos manter vivo o espírito brincalhão que tínhamos quando começámos – quer nas letras, músicas, concertos, ou mesmo fora disso tudo. Mas a mudança é inevitável, e há que abraçá-la, às vezes até procurá-la. O desconhecido é, criativamente falando, rico. E excitante! Mas, a haver mudança, que seja de dentro para fora. Não renegamos o passado, pelo contrário: abraçamo-lo. Se a toada já não for a da altura, damos uma roupagem diferente, até passar a ser confortável outra vez.
Qual a história por detrás deste vosso novo single "Fundo da Garrafa"? Marca o início de uma nova era nos Azeitonas?
AZ - Essa fui eu (Salsa) a fazer. A Nena estava a estudar no Tennessee, e no fim de um concerto, já às altas da madrugada, tirei uma harmónica do bolso e dei uma de caubói, saiu a música ali mesmo. A letra fiz mais tarde, a desafio do Miguel, num guardanapo de restaurante, a pensar num desamor “a lá” Tom Waits: quase por decreto mete afterhours e whiskey ao barulho. Se marca o início de uma nova era nos Azeitonas, é por coincidência da saída do Miguel. Continuamos a fazer Pop, não mudámos quem somos, e o espírito de grupo continua!
Gostariam de deixar uma mensagem aos vossos fãs em geral e aos leitores do 30 porumalinha em particular?
AZ - Letra a letra, concerto a concerto vamos fazendo por isso! Somos de Vocês!
Muito obrigado pela disponibilidade e prontidão demonstradas! Desejo-vos a melhor das sortes para as vossas vidas e para os vossos projetos.
AZ - De nada! Obrigado pelo convite, e até uma próxima!
Um abraço!