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Trinta por uma linha

Trinta por uma linha

A nossa sociedade vista através das filas de espera

22.03.17 | António Mota

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Sempre que estou numa fila de espera, dou comigo a pensar várias vezes que esta poderia ser uma metáfora perfeita do que se passa na nossa sociedade, tal é o desfile de personagens que estamos habituados a ver no nosso dia-a-dia. São tantos e surgem de forma tão repetida que não consigo evitar partilhar esta minha maluqueira convosco. Ora vejamos, temos o bom samaritano, aquele que deixa a velhinha que está atrás de si passar-lhe à frente, ficando de sorriso estampado nos lábios, todo orgulhoso da sua atitude; temos os oportunistas que mal veem que alguém que está na fila à sua frente e vai desistir, se apressam a pedir seu ticket para avançarem uns lugares, deixando aqueles que são ultrapassados sem reação; temos o cidadão exemplar, aquele tipo de pessoa que até parece que gosta de filas, só para mostrar que é civilizado e que sabe esperar pela sua vez, sem levantar qualquer onda, mostrando aos impacientes que o rodeiam que se acha superior a eles, apenas porque é mais paciente; temos os golpistas, aqueles que, como quem não quer a coisa, passam à frente de toda a gente, fingindo que conhecem o senhor ou a senhora que está a fazer o atendimento e afirmando que só querem fazer uma perguntinha. E, por fim, temos os rabugentos, que nunca estão bem com nada, ou é porque quem atende é incompetente, ou é porque há pouca gente a atender, ou até porque as pessoas se lembraram de virem todas à mesma hora. Tem sempre algo para reclamar. 

E depois há aqueles, como eu, que, enquanto espero, não consigo ter tento no pensamento e me ponho a inventar estas teorias. 

 

 

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