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Trinta por uma linha

Trinta por uma linha

A importância do primeiro passo

29.03.17 | António Mota

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Ontem, a meio da corrida rotineira e com boa companhia, a conversa foi parar à importância do exercício físico, à predisposição para o fazermos e ao prazer que sentimos durante esse mesmo exercício. As opiniões divergiam, tendo eu deixado bem claro, desde o início da discussão, que não gostava de correr. Nunca gostara e tinha certeza quase absoluta, porque o faço de forma ininterrupta há já algum tempo, que nunca iria gostar. Enquanto, uma das minhas colegas dizia que o que gostava realmente era do que sentia durante a corrida, eu afirmava perentoriamente que, desde que dava o primeiro passo, estava na minha mente o momento em que daria o último. Porque, de facto, era nessa altura, especificamente depois do duche, já deitado no sofá, que sentia o resultado do meu esforço, o prémio no fim do sacrifício, um sentimento de relaxamento completo e revigorante. 

Então, perguntou-me uma das minhas colegas, como perguntaria qualquer um dos leitores mais atentos, se esse relaxamento que sentia era suficiente para me levar a fazer algo que eu claramente não gostava. Eu respondi-lhe o que respondo sempre a mim mesmo quando me coloco a mesmíssima pergunta, quando chego a casa e o que menos me apetece fazer é calçar as sapatilhas para ir correr: o importante é dar o primeiro passo. O primeiro passo da corrida, o primeiro passo rumo a uma vida melhor e mais saudável, o primeiro passo que é dado em consciência e com comprometimento. Sei de cor os inúmeros benefícios da corrida (não fosse eu casado com uma professora de educação física), sei o bem que me faz e, por isso, há sensivelmente dois anos atrás, decidi dar o primeiro passo. E, com esse primeiro passo, comprometi-me a não mais parar, por mais que me custasse. Isso leva-nos ao segundo ponto da questão, a disciplina. Se quero ser alguém equilibrado e disciplinado, tenho de levar os meus compromissos muito a sério, não posso falhar com a minha palavra e, como gosto de testar a minha força de vontade, este foi um desafio que pareceu adequado.

Ora, e é por isso que continuo a correr, também porque gosto de estar em contacto com a natureza, porque gosto de falar um pouco no final do dia de trabalho com quem corre comigo, mas sobretudo porque sei que me faz bem, porque me testa, porque me disciplina e porque adoro chegar a casa e me sentir relaxado e com o dever comprido. O dever de não ter parado, depois de dar o primeiro passo.

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