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Trinta por uma linha

Trinta por uma linha

Entrevista com Salvador Sobral!

17.03.17 | António Mota

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O 30 porumalinha conseguiu entrar em contacto com o homem do momento da música portuguesa e que, apesar de estar em período de recuperação e de ser constantemente requisitado, conseguiu encontrar um bocadinho para falar ao nosso blogue. Fica a conversa e a música que têm andado nos nossos ouvidos

 

Conta-nos tudo. Como tem sido a tua vida nestes últimos dias, após a tua música ter sido selecionada para representar Portugal no Festival da Eurovisão?

Salvador - A minha vida tem sido um pouco caótica visto que estou a recuperar de uma cirurgia e tive muitas entrevistas. Foi um choque de repente, mas agora está a acalmar e os concertos que tenho feito têm corrido muito bem e isso é o importante, a música.


Fazendo um pequeno rewind, conta-nos como foi o teu percurso desde a tua aparição nos ídolos em 2009, até teres decidido participar no Festival da Canção?

Salvador - Depois do programa de televisão fui para Maiorca fazer erasmus. Quando estava lá acabei por trabalhar em bares, hotéis, restaurantes, a cantar. Tinha tanto trabalho que desisti do curso. Passado um tempo decidi que queria estudar jazz e fui para Barcelona. Depois de dois anos lá a estudar e a tocar vim para Lisboa onde comecei a trabalhar no primeiro disco. Em março do ano passado lancei-o e desde então que tenho vindo a tocar ao vivo as canções do disco e tenho também participado noutros projectos.


Na tua opinião, o que é necessário para se ter sucesso no mundo da música? Uma genialidade fora do comum no que diz respeito a qualidades musicais ou uma capacidade de trabalho fora do comum?

Salvador - Algo que distinga de tudo o que já existe; Gosto e sensibilidade; Ouvir muita muita Música; trabalho; uma pitada de sorte. Acho que é isso.


Quais são as tuas referências a nível musical?
Salvador - Chet baker; Billie Holiday; Silvia Pérez Cruz; Caetano Veloso


Quais são as perspetivas para o teu futuro, qual é o teu próximo passo?
Salvador- Quero começar já a trabalhar no meu segundo disco. E continuar a participar noutros projectos.


Várias casas de apostas colocam o teu tema como um dos favoritos à vitória final no Festival da Eurovisão. Consideras que será uma noite histórica para o nosso país?
Salvador - Não sei. Farei o que faço sempre. Cantarei a canção com o intuito de transmitir emoções ao público. Se isso acontecer já será para mim uma ótima noite!

 

Obrigado pela disponibilidade, continuação de rápidas melhoras e boa sorte para o Festival da Eurovisão e para o resto da tua carreira!

 

As três histórias da vida de Steve Jobs - Capítulo III

16.03.17 | António Mota

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A minha terceira história é sobre morte.

 

Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se tu viveres cada dia como se fosse o último, um dia terás razão". Esta citação impressionou-me, e nos 33 anos seguintes, de manhã, vejo-me ao espelho e pergunto, se hoje fosse o último dia da minha vida, eu desejava estar a fazer o que faço? E se a resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é porque preciso de mudar alguma coisa.

Lembrar-me que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece diante da morte, só fica aquilo que é importante. Lembrarmo-nos que cada um de nós vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de não arriscar por causa do que temos a perder. Não há motivo para não fazer o que o coração dita.

 

Há cerca de um ano atrás, fui fazer um exame e descobri que tinha cancro. Uma ressonância às 7h30 da manhã mostrou claramente um tumor no meu pâncreas - e eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos disseram-me que era uma das piores formas de cancro, era praticamente certo que era incurável e que a minha expectativa de vida era de três a seis meses. O médico aconselhou-me a ir para casa e organizar os meus negócios, que foi o mesmo que dizer "prepare-se, você vai morrer". Isto significava que teria de dizer aos meus filhos em alguns meses tudo que eu imaginava que teria anos para lhes ensinar. Significava garantir que tudo estivesse organizado para que a minha família sofresse o mínimo possível. Significava despedir-me.

 

Eu passei o dia todo a pensar naquele diagnóstico. Na mesma noite, uma biópsia permitiu que se retirassem algumas células do tumor. Eu estava anestesiado, mas a minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células no microscópio começaram a chorar, porque se tratava de uma forma muito rara de cancro pancreático, tratável por cirurgia. Fiz a cirurgia, e agora estou bem.

 

Nunca tinha estado tão perto da morte, e espero que mais algumas décadas passem sem que a situação se repita. Tendo vivido a situação, posso-vos dizer o que direi com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil, mas puramente intelectual. Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu, prefeririam não morrer para o fazerem. Mas a morte é o destino comum a todos. Ninguém conseguiu escapar a ela. E é certo que seja assim, porque a morte talvez seja a maior invenção da vida. É o agente de mudanças da vida. Remove o velho e abre caminho para o novo. Hoje, vocês são o novo, mas com o tempo envelhecerão e serão removidos. Não quero ser dramático, mas é uma verdade.

O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro da vossa voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de seguir o vosso coração e as vossas intuições, porque elas, de alguma maneira, já sabem em que é que vocês realmente se desejam tornar. Tudo o resto é secundário.

Permaneçam insatisfeitos. Permaneçam loucos. Foi o que eu sempre desejei para mim mesmo. E é o que desejo para vocês na vossa graduação e neste vosso novo começo.

Mantenham-se insatisfeitos. Mantenham-se loucos. 

Muito obrigado a todos.

As três histórias da vida de Steve Jobs - Capítulo II

15.03.17 | António Mota

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A segunda história é sobre amor e perda.

 

Tive sorte. Descobri o que amava fazer muito cedo na minha vida. Woz e eu criamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhávamos muito, e em dez anos a empresa tinha crescido de duas pessoas e uma garagem a quatro mil pessoas e 2 biliões de dólares. Tínhamos lançado a nossa melhor criação - o Macintosh - um ano antes, e eu tinha acabado de completar 30 anos.

Foi então que me despediram. E perguntam vocês, "Como é que alguém pode ser despedido da empresa que criou? Bem, à medida que a empresa crescia, contratámos alguém supostamente muito talentoso para dirigir a Apple comigo e, durante um ano as coisas correram bem. No entanto, as nossas visões sobre o futuro começaram a divergir, e a rutura foi inevitável - porém, o conselho ficou com ele. Assim sendo, aos 30 anos, eu estava desempregado. E de modo muito público. O foco da minha vida adulta tinha desaparecido, e a dor foi devastadora.

Por alguns meses, eu não sabia o que fazer. Sentia que tinha desapontado a geração anterior de empresários, que tinha derrubado o bastão que eles me tinham oferecido. Desculpei-me diante de pessoas como David Packard e Rob Noyce. Como já referi, o meu fracasso foi muito divulgado, e pensei em sair de Silicon Valley. Mas  percebi que amava o que fazia. O que acontecera na Apple não tinha mudado esse amor. Apesar da rejeição, o amor permanecia, e por isso decidi recomeçar.

Não percebi, na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. O peso do sucesso foi substituído pela leveza do recomeço. Isso me libertou para um dos mais criativos períodos da minha vida.

Nos cinco anos seguintes, criei duas empresas, a NeXT e a Pixar, e apaixonei-me por uma pessoa maravilhosa, que se tornou na minha esposa. A Pixar criou o primeiro filme animado por computador, Toy Story , e é hoje o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. E, estranhamente, a Apple comprou a NeXT. Eu voltei à empresa e a tecnologia desenvolvida na NeXT é o cerne do atual renascimento da Apple. E eu e Laurene criámos uma família maravilhosa.

Estou certo de que nada disso teria acontecido sem a demissão. O sabor do remédio era amargo, mas creio que o paciente precisava dele. Quando a vida vos atirar pedras, não se deixem abalar. Estou certo de que o meu amor pelo que fazia é que me manteve ativo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso aplica-se ao trabalho, tanto quanto à vida afetiva. O vosso trabalho será uma parte importante na vossa vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não tenham encontrado, continuem a procurar. Não se acomodem. Como é comum dos assuntos do coração, quando encontrarem, vocês simplesmente saberão. Tudo vai melhorar, com o tempo. Continuem à procura. Não se acomodem.

As três histórias da vida de Steve Jobs - Capítulo I

14.03.17 | António Mota

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Steve Jobs foi o criador e principal mentor da Apple durante muitos anos. Sempre o considerei uma mente brilhanteve e, por isso, tive curiosidade de ler um pouco mais sobre a sua vida. A doze de junho de dois mil e cinco, na cerimónia de graduação da Universidade de Stanford, ele foi convidado a fazer uma palestra a todos os que tinham acabado de licenciar. Uma palestra que os ajudasse, de certa forma, a começar a sua nova vida, que lhes ensinasse algo de novo, no fundo que os inspirasse. 

Esse mesmo discurso é um texto maravilhoso, cheio de ensinamentos não só para os recém-licenciados, mas para todos nós. É a história da vida de alguém que foi extremamente bem sucedido e que nos dá um travo do que realmente a nossa vida é e pode ser e que nos mostra como devemos seguir sempre o nosso coração. Ele divide o discurso em três histórias, que eu vou apresentar em três dias. São histórias interessantes, enriquecedoras e, acima de tudo, verdadeiras. Resta dizer que o texto tem umas pequenas adaptações para que não se tornasse tão cumprido.

 

Estou honrado por estar aqui com vocês na vossa formatura numa das melhores universidades do mundo. Eu próprio não concluí a faculdade. Para ser franco, nunca tinha estado tão perto de uma cerimónia de graduação, até hoje. Quero-vos contar três histórias sobre a minha vida, agora. Só isso. Nada de mais. Apenas três histórias.

A primeira é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei a universidade ao fim do primeiro semestre, mas continuei a assistir a algumas aulas por mais 18 meses, antes de desistir de vez. Por que será que eu desisti?

Tudo começou antes de eu nascer. A minha mãe biológica era jovem e não era casada; Estava fazer o doutoramento e decidiu que me ia dar para adoção. Ela estava determinada a encontrar pais adotivos que tivessem educação superior, e por isso, quando nasci, as coisas estavam organizadas de forma a que eu fosse adotado por um advogado e pela sua mulher, só que eles acabaram por decidir que preferiam uma menina. Assim, os meus pais, que estavam em lista de espera, receberam um telefonema a meio da noite: "temos um menino aqui; vocês aceitam-no?" Os dois responderam "claro que sim". A minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe adotiva não tinha licenciatura e que o meu pai nem o ensino secundário tinha. Por isso, recusou-se a assinar o documento final de adoção durante alguns meses, e só mudou de ideias quando eles prometeram que me dariam um curso superior.

Assim, 17 anos mais tarde, foi o que fiz. Mas ingenuamente escolhi uma universidade quase tão cara quanto Stanford, e por isso todas as economias dos meus pais, que não eram ricos, foram gastas para pagar os meus estudos. Passados seis meses, eu não via valor em nada do que aprendia. Não sabia o que queria fazer da minha vida e não entendia como uma faculdade me poderia ajudar em relação a isso. E lá estava eu, a gastar as poupanças de uma vida inteira. Por isso decidi desistir, confiando em que as coisas acabariam por se resolver. Admito que fiquei assustado, mas, agora que penso nisto, considero que foi uma das minhas melhores decisões. Bastou desistir do curso para que eu parasse de assistir às aulas chatas e só assistisse às que me interessavam.

Nem tudo era romântico. Eu não era aluno, e portanto não tinha quarto, dormia no chão dos quartos dos colegas, vendia garrafas vazias de refrigerantes para conseguir dinheiro; e caminhava 11 quilómetros todos os domingos à noite porque um templo Hare Krishna oferecia uma refeição gratuita nesse dia da semana. Eu adorava a minha vida, como podem imaginar. E grande parte daquilo que acabei por descobrir seguindo a minha curiosidade e intuição tornou-se valioso mais tarde. Vou dar um exemplo.

Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Uma vez que eu não tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinações de letras, sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo, histórico e subtilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei fascinado.

No entanto, não havia nenhuma esperança de aplicar aquilo na minha vida. Todavia, dez anos mais tarde, quando estávamos a projetar o primeiro Macintosh, lembrei-me de tudo aquilo. E o projeto do Mac incluía essa aprendizagem. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E, porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a oferecê-las, sem aquele curso. É claro que ligar esses pontos era impossível na altura em que andava na universidade. Mas em retrospetiva, dez anos mais tarde, tudo ficava bem mais claro.

Repito: só conseguimos ligar os pontos em retrospetiva. Por isso, é preciso acreditar que no futuro acabarão por estar ligados. É preciso confiar em alguma coisa – o vosso instinto, o destino, o karma. Não importa. Esta abordagem nunca me dececionou, e mudou a minha vida.

Sem trabalho, nada feito.

13.03.17 | António Mota

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Passa, por entre a nossa sociedade, uma ideia, que confesso, me causa uma certa repulsa por tão redutora que me parece ser, e, simultaneamente, por ser tão bem aceite pela maioria das pessoas. Essa ideia consiste numa conceção unanimemente aceite de que a nossa sociedade pertence aos predestinados, aos génios, àqueles afortunados que supostamente nasceram com mais e melhores capacidades que os outros. Parece mais que claro e lógico, aos olhos da arraia miúda, tão influenciada pelos sensacionalistas meios de comunicação que o mundo é dos que já nasceram para o governar, porque nasceram com eles as qualidades necessárias para que isso acontecesse. Pois eu não podia discordar mais. 

Renego esta visão mais que todas as outras, abomino-a tanto como o abominável homem das neves, pois tal como ele, essa mesma ideia trata-se de um mito, uma invenção, uma mentira que, em benefício de alguns é tantas vezes dita, que parece que, na cabeça de certas pessoas, passou a ser uma verdade dogmática. 

Para mim, o mundo não é dos mais inteligentes, dos génios, daqueles que tiveram a sorte de nascer com mais que os outros. Para mim, a vida não é dos que precisam de fazer menos para ter mais. A vida é dos lutadores, dos que com limões fazem limonada, daqueles que, mesmo tendo contra si todas as probabilidades, ultrapassam todas as expectativas. E ultrapassam-nas porque trabalham, porque insistem, porque não desistem, porque não param de tentar até chegar à meta que tanto anseiam. 

Os mais céticos dir-me-ão que vivo num mundo inocentemente cor de rosa, que é coisa que não existe. Dir-me-ão que o mundo é daqueles para quem já está destinado. Pois eu, que não acredito em destino, que acredito em liberdade e livre-arbítrio, respondo que a vida é nossa e é o que nós quisermos fazer dela, que acabará por ser resultado do somatório de todas as lutas por nós travadas no nosso dia-a-dia. Por isso não acredito em génios, acredito em homens e mulheres que lutam diariamente, que não desistem, que com garra ganham o pão de cada dia e assim constroem o seu futuro, o seu império, a sua felicidade.

Entrevista com Os Azeitonas

10.03.17 | António Mota

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Contem-nos como tudo começou? Como se conheceram, como surgiu a ideia de formar banda?

AZ - Da nossa parte, foi a convite do Miguel Araújo (“A.J.” n’Os Azeitonas), que tinha vindo de Ibiza. Numa noite improvável, tiveram a ideia de fazer a “primeira boysband de garagem - Os Azeitonas”, virada para o cliché, sem pudor de fazer Pop que balançasse na ténue linha entre o que é piroso ou não. Embora a partir do segundo disco a temática esteja diluída, mantemos até hoje alguma dessa toada.

 

Quando iniciaram sentiram que o sucesso foi imediato, ou teve de existir uma certa dose de insistência para começarem a ver resultados?

AZ - Quando começámos, a regra era fazê-lo enquanto fosse divertido (e possível, claro!). E ainda hoje discutimos sobre o que é “sucesso”. Mas, falando em sucesso comercial, nem sonhar: era uma brincadeira de amigos para amigos. Cada música, cada concerto era um sucesso – este pessoal. Quando o Rui Veloso nos falou para gravarmos um cd a brincadeira ganhou contornos sérios. Não estávamos à espera! Depois apareceram mais músicas, outros objectivos, e canção a canção, álbum a álbum, concerto a concerto, fomos trabalhando no que ia aparecendo. Mas éramos um pequeno fenómeno de culto. Depois veio o Bruno Vieira nos ídolos e a coisa estourou.

 

Quando é que se aperceberam que tinham conseguido transformar Os Azeitonas num verdadeiro projeto de sucesso?  

AZ - Só quando o Bruno Vieira foi cantar os Aviões aos Ídolos (e o júri desfez-se em elogios) é que o fenómeno se tornou viral. A nível nacional, o nome “Os Azeitonas” passou a ser conhecido.

 

Relativamente à criação e escrita das letras das vossas músicas, como é que esta se processa? Existe algum tipo de ritual que seguem, têm um momento definido para essa tarefa, ou é algo que surge de forma espontânea? 

AZ - A maioria das letras era escrita pelo A.J., que tem uma capacidade fora do normal em compor – tanto letra como música – quer no que toca a qualidade como quantidade. Mas regra propriamente dita não existe, sabemos, nem com ele, nem connosco, nem quando feita em parceria. Já participámos em vários cenários: primeiro letra, depois música e vice-versa; duas ou mais músicas que juntámos numa só e depois fizemos letra; letras que migraram de uma canção para outra, casos (mais raros) em que tudo vem de uma só vez... há de tudo.

 

Ao longo dos anos, consideram que existiu alguma alteração ou evolução nas temáticas das vossas letras, ou continuam a trabalhar os temas que sempre trabalharam? 

AZ - É um bocado como a vida: gostamos de acreditar que crescemos, mas tentamos manter vivo o espírito brincalhão que tínhamos quando começámos – quer nas letras, músicas, concertos, ou mesmo fora disso tudo. Mas a mudança é inevitável, e há que abraçá-la, às vezes até procurá-la. O desconhecido é, criativamente falando, rico. E excitante! Mas, a haver mudança, que seja de dentro para fora. Não renegamos o passado, pelo contrário: abraçamo-lo. Se a toada já não for a da altura, damos uma roupagem diferente, até passar a ser confortável outra vez.

 

Qual a história por detrás deste vosso novo single "Fundo da Garrafa"? Marca o início de uma nova era nos Azeitonas?

AZ - Essa fui eu (Salsa) a fazer. A Nena estava a estudar no Tennessee, e no fim de um concerto, já às altas da madrugada, tirei uma harmónica do bolso e dei uma de caubói, saiu a música ali mesmo. A letra fiz mais tarde, a desafio do Miguel, num guardanapo de restaurante, a pensar num desamor “a lá” Tom Waits: quase por decreto mete afterhours e whiskey ao barulho. Se marca o início de uma nova era nos Azeitonas, é por coincidência da saída do Miguel. Continuamos a fazer Pop, não mudámos quem somos, e o espírito de grupo continua!

 

Gostariam de deixar uma mensagem aos vossos fãs em geral e aos leitores do 30 porumalinha em particular?

AZ - Letra a letra, concerto a concerto vamos fazendo por isso! Somos de Vocês!

 

Muito obrigado pela disponibilidade e prontidão demonstradas! Desejo-vos a melhor das sortes para as vossas vidas e para os vossos projetos.

AZ - De nada! Obrigado pelo convite, e até uma próxima!

Um abraço!

 

30 porumalinha à conversa com Os Azeitonas!!!

09.03.17 | António Mota

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Após o abandono de Miguel Araújo, o grupo aceitou responder a algumas perguntas colocadas pelo nosso blogue. Na entrevista, a ser publicada amanhã pelas 12:30, serão abordados vários assuntos relacionados com a banda, tais como o seu início, a origem do seu sucesso, o modo como se processa toda a sua criação artística e a história por trás deste seu novo single "O fundo da garrafa". Para os fãs da banda, esta entrevista permitirá que eles fiquem a conhecer a realidade deste trio maravilha. 

 

Não percam! 

 

 

 

O porquê das mulheres merecerem o seu dia

08.03.17 | António Mota

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 Hoje vou cometer uma alta traição ao meu género, daquelas que não serão facilmente desculpáveis e que será relembrada por cada um dos meus amigos sempre que houver oportunidade para tal. Pois bem, hoje vou partilhar convosco todos os motivos que fazem com que eu goste tanto das mulheres, muito mais do que dos homens. Quero que fique claro que não se trata só da minha tendência heterossexual, há mesmo motivos lógicos e racionais que fazem com que eu prefira as mulheres aos homens. Posto isso, seguem então essas razões. Em primeiro lugar, as mulheres são muito mais bonitas que os homens. Neste ponto não há qualquer discussão, até porque, pensemos um pouco, se virmos uma mulher muito feia, dizemos logo que parece um homem. Se virmos um homem feio, não dizemos que parece uma mulher. Depois, é também indiscutível que as mulheres cheiram muito melhor que os homens. A minha esposa cheira sempre melhor que eu. Eu posso ter acabado de tomar um duche e ela estar a sair de uma aula de fitness que continua a cheirar melhor que eu. E não é que eu ande aí a cheirar os homens que não ando, mas tenho a certeza que se passa o mesmo com eles. De seguida, está claro que as mulheres são muito mais agradáveis que os homens. Eu tenho grandes amigos homens e poucas amigas mulheres, mas a companhia de uma mulher é sempre mais agradável que a de um homem. Elas podem ser infernais umas com as outras, mas connosco isso não acontece e são sempre mais condescendentes. Por fim, há o afamado sexto sentido. Nós, homens, somos mais racionais e rudimentares de pensamento. Não significa que sejamos menos inteligentes, mas a nossa lógica é, por assim dizer, mais lógica e, às vezes, isso não chega. Elas são mais emocionais no pensar e isso faz com que muitas das vezes apresentem julgamentos melhores que os nossos, pois no mundo de hoje, juntando todas as condicionantes, nem sem sempre um mais um é igual a dois.

Por tudo isto, há que fazer um grande elogio às mulheres. Pelo que elas são, pelo que representam para nós e pelas coisas boas que trazem para a nossa vida. Assim, posso dizer sem qualquer pudor, que não me imaginaria a viver num mundo de homens, não me imagino a viver sem o seu cheiro, a sua simpatia, beleza e graciosidade. Um bem-haja a todas as mulheres. Feliz dia da mulher

O meu Engate

07.03.17 | António Mota

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Para que não surja qualquer tipo de dúvidas, nem sequer interpretações dúbias, apesar do título poder indicar outra coisa qualquer, este post é totalmente dedicado à minha esposa cujo aniversário foi há uns dias atrás. Eu tinha-lhe prometido que não ia haver manifestações de amor e carinho através do blogue, porque diz ela, e muito bem, não é o espaço adequado para esse tipo de coisas. Pois bem, vocês não sabem, mas eu sou um marido extremamente rebelde e por isso não resisti a aproveitar o momento e a falar um pouquinho de nós e da nossa história. Aliás, nem sou eu que vou falar. É o António Variações, pela voz do Tiago Bettencourt que o vai fazer.

 

E agora vocês dizem, "Então? É esta a vossa história de amor?" E eu respondo que não é literalmente a nossa história. Mas que tem pontos que se aproximam muito e afirmo também sem qualquer pejo que são esses mesmos pontos que fazem que, ao dia de hoje, passados oito anos, tenhamos uma relação tão forte e tão próxima.

Como já tive oportunidade de dizer noutras ocasiões, nunca fui muito à bola com os clichés do amor à primeira vista e das almas gémeas que estão destinadas a ficar juntas desde que nascem. Acredito em oportunidades que surgem, que são aproveitadas e que acabam por vingar pelo empenho, pelo carinho e pelo amor que nelas se colocam. É esse empenho, esse carinho e esse amor que fazem com que os problemas venham, os amuos aflorem, mas que não durem mais de um quarto de hora e que ambos só fiquemos descansados quando nos encontramos nos braços um do outro. 

Guardei a música para esta altura, porque é uma das músicas preferidas da minha esposa, também porque considero que conta um pouco da nossa história e acima de tudo porque vai de encontro ao que defendo para as relações e para a vida em geral, as oportunidades surgem e nós temos de as agarrar com toda a força. Foi o que eu fiz!

Musicando

06.03.17 | António Mota

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Não consigo viver sem música. Há quem não consiga viver sem comer bem, ou sem beber muito. Eu, sem nunca renunciar a nenhumas dessas necessidades básicas, considero que, na minha vida, a convivência com a música é muito mais importante que qualquer um desses actos tidos como capitais para a nossa sobrevivência. Percebendo que esta não é uma afirmação de fácil digestão, penso que a sua razão de ser está na repulsa que sinto por este conceito e pelos seus aderentes. Em momento algum serei um sobrevivente, aceitarei que a minha vida seja apenas uma junção dos actos que lhe são básicos. Nunca viverei para sobreviver. Daí o meu gosto pelos acordes, rimas e ritmos, solos e refrões, pelo timbre distinto que estes dão à nossa vida.
O facto de poder acordar com música, deixa-me com força para sentir o resto do dia que se aproxima de uma forma mais viva e intensa. Penso que toda as nossas experiências devem ser todas elas música, devemos tentar viver musicando. Cada segundo que passa é uma nota que flui, que dá cor ao ar que respiramos, por isso é tão importante que queiramos que os nossos dias sejam sinfonias perfeitas, cancões inabaláveis, com refrões intermináveis. É apenas uma forma de contemplar o viver. Estou certo que não é das formas mais produtivas e eficientes, pois não entra no discurso do mérito e da excelência, não há acorde que resista a esse discurso. Para mim, a música não é uma forma de sucesso, é uma forma de felicidade, é uma lágrima afortunada que perpassa por meio da nossa pele crescentemente enrugada pelo suceder dos dias.
Por tudo isto, penso que nos devemos agarrar a ela com todas as nossas forças, pela qualidade que esta empresta ao nosso viver, tendo sempre consciência que um acorde de Satriani ou um solo de Santana têm o poder de nos elevar, de nos mudar, de nos fazer querer viver, com cada vez mais intensidade, saboreando ao máximo aquilo que nos faz realmente felizes. Com ânimo, alma e brilho.